...
Às vezes eu acho que esses lugares não existem como nas historias infantis ou como uma miragem que só existe quando a gente esta lá, porque quando a gente vai embora esse lugar desaparece.
23.6.09
Cangote
Fiz minha casa no teu cangote
Não há neste mundo quem me bote
Pra sair daqui
Te pego sorrindo num pensamento
Faz graça de onde fiz meu achego, meu alento
E nem ligo
Como pode, no silêncio, tudo se explicar?!
Vagaroso, me espreguiço
E o que sinto, feito bocejo, vai pegar
9.6.09
Onde termina o apocalipse?
6.6.09
Rosa
Rosa.
Estávamos na quinta serie, Rosa sentava na cadeira que ficava na minha frente, lembro-me dos seus cabelos negros (de vez em quando uma trança mal feita). Era inteligente, escrevia cartinhas aos professores e possuía uma bondade incontrolada.
Tinha olhos grandes e profundos, perdidos nos dois buracos que formavam seu inesquecível olhar de menina triste. Simpática, ela me cumprimentava com sua voz assustada:
- Bom dia!
Rosa apesar de ser boa como uma mãe, tinha batalhões de inimigos, os meninos da sala jantavam-se para azucriná-la, arranjavam apelidos bizarros, humilhavam e até batiam nela de vez em quando. Ai vinha à incontrolada bondade de perdoar aqueles que sem motivo, apenas maldade, arrancavam suas pétalas.
Eu que sentava atrás da menina de olhos inesquecíveis, observava suas costas triste, inclinada sobre a mesa onde ela engolia o choro.
Perdoar um por ter matado outro é aceitável, mas aquele que destrói rosas, não! Esse ato é imperdoável.
Um dia resolvi que seria amigo de Rosa, não amigo que troca segredos e visita em casa, nem amigo que vive junto aventuras e descobrem juntos coisas, eu seria apenas uma espécie de progenitor, queria ensiná-la a não aceitar a vida que lhe deram, e guiá-la para viver a vida que ela esqueceu viver. E fui ser.
Nunca defendi Rosa dos meninos, nem nunca lhe dei conselhos de como se defender deles. Quando os meninos vinham para atacá-la eu observava tudo de longe, bem longe, e só depois eu me aproximava e dizia o quanto ela era especial no mundo, elogiava sua inteligência, comentava sobre os seus cabelos negros, e assim podia ver no canto da sua boca um sorriso espremido que ela segurava com a força dos lábios. No outro dia, via suas costas alegre, uma trança bem feita e uma menina feliz. Rosa não era mais atingida pelos meninos, porque as minhas palavras eram mais fortes do que as deles, com tempo até esqueceram ela.
Um dia em casa recebi uma carta e quando abri eram as palavras de Rosa, ela me agradeceu e escreveu tudo aquilo que sua boca jamais teria coragem de articular, ela escreveu em caneta vermelha: Eu te amo. Eu respondi a carta depois de uma semana... Mas essa é outra historia.
Rocha Farias.
Tinha olhos grandes e profundos, perdidos nos dois buracos que formavam seu inesquecível olhar de menina triste. Simpática, ela me cumprimentava com sua voz assustada:
- Bom dia!
Rosa apesar de ser boa como uma mãe, tinha batalhões de inimigos, os meninos da sala jantavam-se para azucriná-la, arranjavam apelidos bizarros, humilhavam e até batiam nela de vez em quando. Ai vinha à incontrolada bondade de perdoar aqueles que sem motivo, apenas maldade, arrancavam suas pétalas.
Eu que sentava atrás da menina de olhos inesquecíveis, observava suas costas triste, inclinada sobre a mesa onde ela engolia o choro.
Perdoar um por ter matado outro é aceitável, mas aquele que destrói rosas, não! Esse ato é imperdoável.
Um dia resolvi que seria amigo de Rosa, não amigo que troca segredos e visita em casa, nem amigo que vive junto aventuras e descobrem juntos coisas, eu seria apenas uma espécie de progenitor, queria ensiná-la a não aceitar a vida que lhe deram, e guiá-la para viver a vida que ela esqueceu viver. E fui ser.
Nunca defendi Rosa dos meninos, nem nunca lhe dei conselhos de como se defender deles. Quando os meninos vinham para atacá-la eu observava tudo de longe, bem longe, e só depois eu me aproximava e dizia o quanto ela era especial no mundo, elogiava sua inteligência, comentava sobre os seus cabelos negros, e assim podia ver no canto da sua boca um sorriso espremido que ela segurava com a força dos lábios. No outro dia, via suas costas alegre, uma trança bem feita e uma menina feliz. Rosa não era mais atingida pelos meninos, porque as minhas palavras eram mais fortes do que as deles, com tempo até esqueceram ela.
Um dia em casa recebi uma carta e quando abri eram as palavras de Rosa, ela me agradeceu e escreveu tudo aquilo que sua boca jamais teria coragem de articular, ela escreveu em caneta vermelha: Eu te amo. Eu respondi a carta depois de uma semana... Mas essa é outra historia.
Rocha Farias.
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